COORDENAÇÃO CURATORIAL DO
MUSEU DAS CULTURAS INDÍGENAS
A Outra Margem é responsável pela Coordenação Curatorial do Museu das Culturas Indígenas, participando ativamente na pesquisa e elaboração de projetos de novas exposições ao lado de curadores e artistas indígenas e do Conselho Indígena Aty Mirim.
Exposição "Nhe`ery - onde os espíritos se banham"
Nhe’ẽ ry é uma forma de entender a dimensão da floresta, um santuário que pode se transformar em um portal. Pode ser traduzida como “onde os espíritos se banham”, se purificam para ter elevação divina, integrando o mundo cosmológico para se ter uma leveza espiritual e uma vida eterna – na concepção guarani, o Yvy Marae’ỹ.
A Nhe’ẽ ry é base de existência e resistência dos povos indígenas que nela habitam, pois é na floresta viva que estão os remédios que curam e a verdadeira escola: a transmissão dos saberes e dos fazeres ancestrais. Ela tem uma grande importância, pois segura o solo com suas mãos, nos fornece água e alimento. Os grandes espíritos estão em suas folhas e raízes. A cada folha que cai, outra nasce como uma criança, e assim se forma toda a vida dentro da floresta.
Esta exposição busca trazer a visão dos espíritos que habitam a floresta. Cada ser vegetal, animal e mineral possui sua profunda Sabedoria. Os espíritos guardiões de tudo que nela habita estão conectados com os povos originários que brotam da Nhe’ẽ ry.
A Outra Margem foi responsável pela criação do projeto conceitual e coordenação curatorial (Andreia Duarte, Arami Argüello e Juliana Pautilla).
Exposição "HENDU PORÃ’RÃ, escutar com o corpo"
“Esta é uma exposição de autoria coletiva, e é muito importante que seja assim”. Fala dos curadores Karaí Márcio, Sônia Ara Mirim, Tamikuã Txihi – moradores das Tekoás do Jaraguá (SP) e da também curadora Guarani, Sandra Benites. Para combater a discriminação e o apagamento da trajetória de resistência dos moradores das Tekoás do Jaraguá (SP) e do povo Guarani que sofrem por causa sociedade não indígena há muito tempo, o processo de construção da exposição coletiva Hendu Porã’rã se iniciou por meio de encontros e conversas, focando em escutar a própria comunidade e algumas lideranças de diferentes territórios. A proposta pretendeu pensar os conceitos que abordariam a exposição, além de avaliar as necessidades mais urgentes que os curadores gostariam de provocar.
Como explicam os curadores: “reiteradamente, todos trouxeram a questão da resistência e da luta pelos seus territórios, que estão presentes também em suas práticas culturais. Vale ressaltar aqui que não se trata apenas da moradia, mas também, da preservação e recuperação da natureza, das partes que acreditam compor toda a existência (os rios, a floresta, as plantas e os animais), a defesa do todo, dos elementos humanos e não humanos, dos Ijaras – protetores espirituais dos rios, da mata e dos animais. Dessa forma, construímos uma proposta para mostrar à sociedade Juruá (não indígena) que não estamos discutindo somente a questão da demarcação territorial de moradia, mas são questões maiores que lidam com os princípios da nossa vida”.
Para o povo Guarani, “Hendu” significa escutar; mas não apenas com o ouvido, e sim com o corpo inteiro. Então, essa exposição coletiva propõe transmitir ao público uma reflexão aprofundada, com o corpo e com diálogo, ensinando sobre a forma Guarani de estar no mundo, permitindo maior entendimento e compreensão. Para os curadores, quando a sociedade de fato entender, compreender e escutar com o corpo, ela vai saber a importância da luta e da resistência das populações indígena em geral, como a luta de todos os Guarani.
SOBRE O MUSEU DAS CULTURAS INDÍGENAS
Localizado na capital de São Paulo, o Museu das Culturas Indígenas é uma instituição da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Governo do Estado de São Paulo gerida pela ACAM Portinari (Associação Cultural de Apoio ao Museu Casa de Portinari) - Organização Social de Cultura em parceria com o Instituto Maracá, associação sem fins lucrativos que tem como finalidade a proteção, difusão e valorização do patrimônio cultural indígena.
Trata-se de um espaço de diálogo intercultural, pluralidade, encontros entre povos indígenas e não-indígenas, onde a memória da ancestralidade permitirá aos diversos povos originários compartilharem suas mensagens, ideias, saberes, conhecimentos, filosofias, músicas, artes e histórias.
Acesse aqui o site do Museu das Culturas Indígenas.
R. Dona Germaine Burchard, 451, Água Branca - São Paulo/SP - CEP: 05002-060
SOBRE O INSTITUTO MARACÁ
Organização não governamental com o propósito de proteger e disseminar o patrimônio histórico, ambiental e cultural dos povos indígenas.